De Lege Libellum
Sub figura CL
A. · . A. · .
Publicação em Classe E.
Imprimatur: N. Fra. A. · . A. · .
Faze o que tu queres há de ser tudo da Lei
Em retidão de ânimo vinde aqui, e ouvi-me; pois sou TO MEGA THERION, quem
deu esta Lei a todo aquele que se percebe santo. Sou eu, e não outro, quem quer
vossa completa Liberdade, e o aumento em vós de completo Conhecimento e Poder.
Vede! O Reino de Deus está dentro de vós, mesmo como o Sol está eternamente
nos céus, tanto à meia-noite quanto ao meio-dia. Ele não se ergue, não se põe; é a
sombra da terra que o esconde, ou as nuvens sobre a face dela.
Deixa-me então declarar-vos este Mistério da Lei, tal como ele me foi dado a
conhecer em diversos lugares, em montanhas e em desertos., mas também em
grandes cidades; eu o declaro para vosso conforto e coragem. E assim seja como
todos vós!
Sabeis, primeiramente, que da Lei surgem quatro Raios ou emanações; de forma
que se fazeis da Lei o centro de vosso ser, eles inevitavelmente, vos encherão de
benefício oculto. E os quatro são: Luz, Vida, Amor e Liberdade.
Pela Luz contemplareis a vós mesmos, e vereis Todas as Coisas, que em verdade
são apenas Uma Coisa, que tem sido chamada de Nada por um motivo que mais
adiante vos será declarado. Mas a substância da Luz é Vida, desde que sem
Existência e Energia a Luz não poderia ser. Pela Vida, portanto, vos sois tornando
vos mesmos, eternos e incorruptíveis, flamejantes como sóis, auto-criados e
auto-mantidos; cada um de vós é o centro único do Universo.
Ora, assim como pela luz vistes, pelo amor sentis. Há um êxtase de puro
Conhecimento, e outro de puro Amor. E este Amor é a força que une coisas
diversas, para a contemplação, na Luz, da Unidade delas. Aprendei que o Universo
não está imóvel; está num extremo movimento cuja soma é Descanso. E esta
compreensão de que estabilidade é Mudança, e Mudança Estabilidade, que Ser é
Acontecer, e Acontecer é Ser, é a chave do Palácio Áureo desta Lei.
Finalmente, através da Liberdade tendes o poder de dirigir vosso curso de acordo
com vossa Vontade. Pois a extensão do Universo é sem limites, e vós sois livres de
tomar prazer como quiserdes, já que a variedade de existência é, igualmente,
infinita. Pois também isto é a Alegria da Lei: que não há duas estrelas iguais, e vos
deveis compreender que esta multiplicidade é, ela mesma, Unidade, e que sem ela a
Unidade seria impossível. E isto é uma dura asserção à Razão, que é apenas
manipulação da mente, chegardes ao Conhecimento puro através da percepção
direta da Verdade.
Aprendei, também, que essas quatro Emanações da Lei flamejam em todas os
caminhos; elas vos serão úteis não só nessas Rodovias do Universo das quais eu
escrevi, mas em qualquer Atalho de vossas vidas diárias.
Amor é a lei, amor sob vontade.
I
DE LIBERDADE
É sobre Liberdade que eu primeiro quereria vos falar; pois a não ser que sejais livre
para agir, não podeis agir. No entanto, todas as quatro dádivas da Lei devem ser, em
algum grau, exercidas, já que as quatro são na realidade uma, mas para o Aspirante
que vem ao Mestre, a primeira necessidade é Liberdade.
O maior de todos os grilhões é a ignorância. Como há um homem livre para agir, se
ele não conhece seu próprio propósito? Vós deveis portanto, antes de mais nada,
descobrir que estrela, de todas as estrelas, vós sois: vossa relação com as outras
estrelas em vossa volta, vossa relação, e identidade com o Todo.
Em nossos Livros Santos são descritos diversos métodos de realizarmos esta
descoberta; e cada um deve realizá-la por si mesmo, alcançando uma absoluta
certeza através de experimentação direta; não apenas raciocinando e calculando o
que é provável. Então, a cada um de vós virá o conhecimento de sua vontade finita,
através da qual um é poeta, outro profeta, outro ferreiro, outro escultor. Mas também,
a cada um virá o conhecimento de sua Vontade infinita: seu Verdadeiro Ente. Desta
Vontade deixai-me, pois, falar claramente a todos, já que ela é de todos.
Compreendei antes de mais nada, que existe em vós um certo descontentamento.
Analisai-a bem a natureza: no final chegareis, em qualquer caso, a uma mesma
conclusão. Esse descontentamento surge na crença em duas coisas diversas, o
Ente e o Não-Ente, em conflito entre elas. Também isto é restrição da Vontade.
Aquele que está doente está em conflito com seu próprio corpo; aquele que é pobre
está em conflito com a sociedade; e assim por diante. No fim, portanto, o problema
consiste em como atingir esta percepção de unidade.
Ora, suponhamos que vieste à presença do Mestre, e que Ele vos declarou o
Caminho a esta consecução. Que vos impede? Ai! existe ainda muita liberdade ao
longe.
Compreendei isto claramente: que se estais certos de vossa Vontade, e certos de
vossos meios, então quaisquer pensamentos ou atos que contrariam esses meios
contrariam também aquela Vontade.
Se, portanto o Mestre vos urgisse a que aceitásseis um Voto de Santa Obediência,
concordar em fazer isto não seria uma entrega da Vontade, mas um cumprimento
desta.
Pois vede, o que vos impede? Ou vem de fora ou vem de dentro, ou de ambas as
coisas ao mesmo tempo. Pode ser fácil para o buscador de mente forte calcar aos
pés a opinião pública, ou arrancar de seu forte coração o que ele ama, em um
senso; mas permanecerão sempre nele muitas afeições discordantes, como também
os laços do hábito; e também estes deve ele conquistar.
Em nosso mais Santo Livro está escrito: “tu não tens direito senão fazer a tua
Vontade. Faze aquilo e nenhum outro dirá não.” Escreverei tal também em vosso
coração e em vosso cérebro: pois esta é a chave do assunto inteiro.
Aqui a Natureza mesma seja vosso orientador: pois em cada fenômeno de força e
movimento ela proclama aos gritos esta verdade. Mesmo num assunto tão
pequenino como o ato de pregar um prego numa tábua, eis este mesmo sermão.
Vosso prego deve ser duro, liso, aguçado, ou não se moverá rapidamente na direção
desejada. Imaginai então um prego de madeira podre, e rombudo; em verdade, isso
nem mais é um prego. No entanto, praticamente a humanidade em peso é assim.
Eles desejam uma dúzia de diversas carreiras; e a força que poderia ter sido
suficiente para atingir eminência em uma, é desperdiçada nas outras: todas ficam
anuladas.
A mais possante força do Universo para me manter neste intuito; se bem que agora
o hábito mesmo me constrange à direção correta, no entanto eu não cumpri minha
Vontade; diariamente eu me desvio da tarefa. Eu oscilo. Eu fraquejo. Eu me atraso.
Seja isto então de grande conforto para todos vós; que se eu sou tão imperfeito, e
por simples vergonha eu não acentuei minha imperfeição, se eu, o Profeta, ainda
mesmo se apenas me igualásseis, como seria grande a vossa consecução!
Alegrai-vos, portanto, já que tanto o meu fracasso quanto o meu sucesso são
argumentos encorajadores para vós.
Examinai-vos bem, eu vos peço: analisai vossos pensamentos mais íntimos. E
primeiramente abandonareis todos esses grosseiros e óbvios impedimentos à vossa
Vontade: preguiça, amizades fúteis condições ou diversões dispersivas; eu não
enumerarei os conspiradores contra o bem estar de vosso Estado.
A seguir, determinai o mínimo de tempo diário que é realmente indispensável à
vossa vida natural. O resto vós dedicareis aos Verdadeiros Meios da vossa
Consecução. E mesmo aquelas necessárias horas de labuta mundana vós
consagrareis à Grande Obra, dizendo conscientemente, sempre, enquanto ocupado
com essas tarefas, que vós as executais apenas para preservar vosso corpo e
mente em bom estado de saúde a fim de poderdes vos aplicar seriamente àquele
sublime e único Objetivo.
Pouco tempo passará antes que comeceis a compreender que tal modo de viver é a
verdadeira Liberdade. Vós percebereis as distrações de vossa Vontade como o são.
Elas não mais vos parecerão agradáveis e atraentes; mas serão como laços, como
vergonha. E quando tiverdes atingido este ponto, sabei que atravessastes o Portal
do Meio. Vós unificastes a vossa Vontade.
Da mesma forma, se um homem estivesse sentado em um teatro e a peça o
entediasse, ele aceitaria de bom grado qualquer distração e se divertiria com
qualquer incidente estranho às peripécias no palco; mas se a peça realmente lhe
atraísse a atenção, qualquer incidente o aborreceria. Sua atitude para com estes
seria uma indicação dele para com a peça mesma.
A princípio o hábito da atenção é difícil de adquirir. Perseverai, e experimentareis
espasmos periódicos de revulsão. Vossa Razão mesma vos atacará, dizendo: como
pode uma escravidão tão estrita ser o Caminho à Liberdade?
Perseverai. Vós nunca ainda conhecestes a liberdade. Quando as tentações tiverem
sido sobrepujadas, quando a voz da Razão tiver sido silenciada, então vossa alma
pulará avante, desimpedida, em seu curso escolhido; e pela primeira vez vós
experimentareis o extremo deleite de serdes Mestre de vós Mesmos, portanto do
Universo.
Quando isto tiver sido plenamente conseguido, quando estiverdes sentados
seguramente na sela, então podereis desfrutar também todas aquelas distrações
que antes vos agradaram e depois vos irritaram. Agora elas não mais farão nem uma
coisa nem outra; pois elas serão vossas servas e brinquedos.
Até que tenhais atingido este ponto, não sereis completamente livres. Vós deveis
matar o desejo e matar o medo. O final disto é o poder de viver de acordo com vossa
própria natureza, sem perigo de que uma parte possa se desenvolver em detrimento
das outras; sem qualquer preocupação de que tal perigo possa se apresentar.
O beberrão bebe e se aturde; o covarde não bebe e treme de frio; o homem sábio,
livre e corajoso, bebe e glorifica Deus Altíssimo.
Esta então é a Lei de Liberdade: vós possuis toda Liberdade como vosso direito
intrínseco; mas tendes que fortificar o Direito com Poder: tendes que conquistar a
Liberdade para vós mesmos em muitas batalhas. Ai dos filhos que dormem sobre a
Liberdade conquistada por seus pais!
“Não existe lei além de faze o que tu queres”: mas são apenas os maiores da raça
que tem a força e a coragem necessárias para obedecer esta Lei.
Oh homem! olha-te a ti mesmo! Com que cuidado foste feito! Quantas idades levou
tua construção! A história do planeta está entretecida com a substância do teu
cérebro! Foi tudo isso sem motivo? Não há propósito em ti? Foste tu feito como és
para que pudesses comer, e procriar, e morrer? Tal não penses! Tu incorporas
tantos elementos, tu és o fruto de tantos Bons de esforço, tu fostes feito tal qual és, e
não outro, para algum colossal Fito.
Cria então ânimo, e busca esse Fito, e fazei-o. Nada pode te satisfazer senão o
cumprimento de tua transcendental Vontade, que está oculta dentro de ti. Para isto,
levanta-te, arma-te! Conquista tua Liberdade para ti mesmo! Golpeia fundo!
II
DO AMOR
Está escrito que “Amor é a lei, amor sob vontade”. Aqui há um Arcano Velado, pois
no idioma grego AGAPE, Amor, tem o mesmo valor numérico que THELEMA
Vontade. Por isto nós compreendemos que a natureza da Vontade Universal é Amor.
Ora, Amor é o incêndio em êxtase de Dois que desejam se tornar Um. É, pois uma
fórmula Universal de Alta Magia. Pois todas as coisas, sofrendo por causa da
individualidade, devem necessariamente querer Unidade como seu remédio.
Aqui também a Natureza serve de aviso àqueles que buscam Sabedoria no seio
dela: pois na união de elementos de polaridade oposta há uma glória de calor, de
luz, e de eletricidade. Assim também, na humanidade nós contemplamos o fruto
espiritual de poesia, e de toda genialidade, surgindo da semente daquilo que
pessoas treinadas em Filosofia consideram apenas como um gesto animal. E deve
ser bem notado que as mais violentas e divinas paixões ocorrem entre pessoas de
natureza completamente inarmônicas.
Mas agora eu quereria que percebêsseis que no plano da mente não há limitações
tais com a de espécie; de forma que um homem pode se enamorar de um objeto
inanimado, ou de uma idéia. Pois para aquele que esteja algo adiantado no Caminho
da Meditação parece que todos os objetos, salvo o Objeto único, são desagradáveis,
mesmo como lhe pareceu antes quanto aos seus caprichos e desejos efêmeros em
relação à Vontade. Portanto, assim todos os objetos devem ser tomados pela mente,
e aquecidos na sétupla fornalha do Amor, até que numa explosão de êxtase eles são
por completo destruídos na criação da Perfeição de União, tal como as pessoas do
Amante e do Bem-Amado se fundem no ouro espiritual do Amor, que não conhece
pessoas, mas inclui tudo.
Porém, já que cada estrela é apenas uma estrela, e a união das duas é apenas uma
raptura parcial, o aspirante à nossa santa Ciência e Arte deve aumentar-se
constantemente através deste método de assimilação de idéias, para que no fim,
tendo se tornado capaz de abarcar o Universo em um só pensamento, ele possa se
lançar sobre aquilo com a completa força de seu Ente e destruindo a ambos,
tornar-se aquela unidade cujo nome é Nada. Buscai, pois todos vós, unir-vos
constantemente em raptura com toda e cada coisa que existe; e isto com a máxima
paixão e ardor de União. Para este fim, tomai principalmente coisas que vos sejam
naturalmente repulsivas. Pois aquilo que é agradável é facilmente assimilado e sem
êxtase; é na transfiguração do que é indesejado e nojento no Bem-Amado que o
Ente é sacudido nas raízes do Amor.
Assim, no amor humano também nós vemos que homens medíocres se unem a
mulheres inaptas; mas a História nos ensina que os super gênios do mundo buscam
sempre as mais vis e as mais horríveis criaturas para suas concubinas,
ultrapassando até as leis limitadoras do sexo ou da espécie em sua necessidade de
transcender a norma. Não basta a tais naturezas excitar ardor ou paixão: a
imaginação mesma deve ser inflamada por todas os meios.
Para nós, então, emancipados de toda lei ignóbil, que faremos nós para satisfazer
nossa Vontade de União? Nada menos que o Universo inteiro deve ser a nossa
amante; nenhum bordel mais circunscrito que o Espaço Infinito pode ser o nosso
âmbito nenhuma noite de estupro que não seja coesa com a própria Eternidade!
Considerai que, tal como o Amor tem força para produzir todo êxtase, assim a falta
de amor é a maior das fomes. Quem é frustado em seu Amor sofre em verdade; mas
aquele que não sente Amor ativamente em seu coração para com algum objeto está
prostrado em dor de esfomeio. E este estado é misticamente chamado de “secura”.
Para isto, creio eu, não existe cura senão paciente persistência em uma Regra de
Vida.
Mas esta secura tem sua virtude: que, através dela, a Alma é purgada das coisas
que impedem a Vontade; pois quando a secura é completa e perfeita, então é certo
que nada satisfará a Alma senão a Consecução da Grande Obra. E isto em almas
fortes, é um estímulo para a Vontade. É a fornalha de sede que queima toda
impureza dentro de nós.
Mas cada ato de Vontade corresponde a uma particular Secura: e a medida que o
Amor aumentar dentro de vós, assim aumentará o tormento da falta de Amor. Seja
isto, além do mais, um consolo vosso na ordália! Também quanto mais intensa a
praga de impotência, tanto mais rápida e subitamente ela poderá desaparecer.
Eis aqui o método de Amor em Meditação: Que o Aspirante primeiro pratique-a e
depois discipline-se na Arte de fixar a atenção em qualquer coisa à Vontade, sem
permitir a mínima distração imaginável.
Também que ele pratique a arte da Análise de idéias, e a arte de não permitir à
mente a reação natural desta às idéias, tanto, as agradáveis quanto as
desagradáveis; assim fixando-se a si mesmo em Simplicidade e Indiferença. Estas
coisas sendo conseguidas em sua devida estação, sabei que todas as idéias terão
se tornado iguais em vossa percepção, já que cada uma é simples, e cada uma é
indiferente: qualquer uma delas permanecerá na mente à Vontade, sem se inquietar
ou lutar, nem tendendo a passar qualquer outra. Mas cada idéia possuirá uma
especial qualidade que é comum a todos: esta, que nenhuma delas é o Ente: desde
que são percebidas pelo Ente como Algo Oposto.
Quando esta percepção for completa e profunda em seu impacto, então será o
momento do Aspirante dirigir sua Vontade e Amor sobre ela, de forma que a inteira
consciência dele se focalize sobre esta única Idéia. E a princípio ela poderá ser
inerte e morta, ou mal mantida. Isto poderá então passar à secura, ou à repulsa. Mas
por fim, por pura persistência naquele Ato de Vontade de Amar, o Amor se erguerá,
como uma ave, como uma flama, como música, e a Alma inteira alada alçará vôo
numa trajetória de fogo e canto ao Céu Ultimal de Orgasmo.
III
DA VIDA
Sístole e diástole; estas são as fases de todas as coisas componentes. Tal é
também a vida do homem. Sua curva se ergue da letência do óvulo fertilizado,
dizeis, a um zênite do qual declina até a nulidade da morte? Bem considerado, isto
não é completamente verdade. A vida do homem é apenas um segmento de uma
curva serpentina que alcança a infinidade, e seus zeros apenas marcam as
mudanças de + para - e de - para + nos coeficientes de sua equação. É por este
motivo entre muitos outros que sábios de antanho escolheram a Serpente para
hieróglifo da vida.
Vida é, pois indestrutível, como tudo mais. Toda destruição e construção são
mudanças da natureza do Amor, como eu vos descrevi no último capítulo. No
entanto, mesmo como o sangue que passa pelas veias do meu pulso neste instante,
não é o mesmo sangue que passará daqui a um momento, assim também nossa
individualidade é, em parte, destruída com cada vida que passa; não, mais até, com
cada pensamento.
Que é, então, que constitui um homem, se ele morre e renasce mudado em cada
alento? Isto: a consciência de continuidade dada pela memória dele; a concepção de
seu Ser como algo cuja existência, longe de estar ameaçada por estas mudanças, é
na realidade assegurada por elas. Então, que o Aspirante à Sabedoria sagrada
considere seu Ser não como um segmento da Serpente, mas como a Serpente
inteira. Que ele expanda sua consciência para encarar nascimento e morte apenas
como incidentes triviais, tais como a sístole e a diástole do coração mesmo; e tão
necessários quanto estas para que a consciência funcione.
Para fixar a mente nesta percepção da vida, dois modos são preferidos, como
preliminares às experiências maiores que serão discutidas em sua devida ordem,
experiências que transcendem até mesmo aquelas de consecução de Liberdade e
Amor, das quais já escrevi, e esta de Vida que eu agora registro neste meu livrinho
que estou compondo para vós a fim de que possais chegar à Grande Consecução.
O primeiro modo é a aquisição da memória Mágica, assim chamada, e a maneira de
conseguí-la está descrita acurada e claramente em alguns de nossos Santos Livros.
Mas para quase todos os homens, isso é uma prática de extrema dificuldade.
Portanto, que o Aspirante siga o impulso de sua própria Vontade, a fim de decidir se
escolherá esse modo ou não.
O segundo modo é fácil, agradável; não é tedioso, e no final das contas é tão
certeiro quanto o outro. Mas assim como o errar naquele outro consiste em
Descorajamento, neste devei vos precatar de Veredas Falsas. Em verdade posso
dizer, genericamente, de todas as Obras, que existem dois perigos: o obstáculo do
Fracasso, e a armadilha do Sucesso.
Este segundo modo consiste em dissociar os entes que compõem vossa vida.
Primeiro, porque é mais fácil, vós deveríeis segregar aquela Forma que é chamada
de Corpo de Luz (e também por muitos nomes), e resolver-vos a viajar nesta Forma,
explorando sistematicamente esses planos que estão para com o plano Físico, como
o vosso Corpo de Luz está para o vosso corpo material.
Agora, ocorrerás convosco nestas viagens que atingireis muitos portais através dos
quais não poderás passar. Isto é porque vosso Corpo de Luz não é suficientemente
forte, ou suficientemente sutil, ou suficientemente puro; e vós devereis então
aprender a dissociar os elementos daquele Corpo, por um processo similar ao
primeiro: vossa consciência permanecendo no mais elevado, e deixando o mais
baixo. Nesta prática vós perseverareis, usando vossa Vontade como um grande Arco
para enviar a flecha de vossa consciência através de céus cada vez mais altos e
mais santos. Mas a persistência neste Caminho é, por si mesma, de vital
importância: pois acontecerá que presentemente o hábito vos persuadirá de que o
corpo que nasce e morre durante um período de tempo tão curto quanto um ciclo de
Netuno no Zodíaco não é essencial ao vosso Ente; que a Vida de que vos tornaste
em comungante, se bem que ela sujeita à Lei de ação e reação, de vazante e
enchente, sístole e diástole, está no entanto imune das aflições daquela vida que vos
anteriormente assumistes ser vosso único laço com a Existência.
E aqui deveis determinar vosso Ente aos máximos esforços; pois tão floridas são as
veredas deste Éden, e tão doces os frutos de seus pomares, que vós desejareis
demorar-vos neles, e deleitar-vos em preguiça e gozo ali. Portanto eu vos escrevo
com energia que não deveis fazer isto, para impedimento de vosso verdadeiro
progresso; pois todos esses gozos dependem de dualidade, de forma que o
verdadeiro nome deles é Dor de Ilusão, tal como é a vida normal do homem, que
resolvestes transcender.
Seja como vossa Vontade determine; mas aprendei isto, que (como está escrito) só
são felizes aqueles que desejaram o inalcançável. Será pois melhor, ao final das
contas, que vossa Vontade seja buscar o vosso principal prazer somente no Amor,
isto é, em Tomar, e na Morte, isto é, em Dar, como eu já vos escrevi antes. Assim,
então, vos deleitareis nesses gozos já mencionados; mas apenas como brinquedos,
mantendo vossa hombridade firme e afiada para entrar em êxtases mais profundos e
mais santos, sem interrupção de vossa Vontade.
Além disso, eu quereria que soubésseis que nesta prática, se perseguida com ardor
inesgotável, há esta especial graça: que vós chegareis, como que por acaso, a
estados que transcendem a própria prática, sendo da natureza dessas Obras de
Pura Luz das quais eu quereria vos escrever no capítulo que segue. Pois há certos
Portais que nenhum ser que ainda esteja cônscio de dividualidade, isto é, de Ente e
não-Ente como opostos, pode atravessar: e no ataque contra esses Portais, em
fogoso assomo de ardor celestial, vossa flama queimará veementemente contra
vosso Ente Grosseiro, e o devorará numa morte mística; de forma que na Passagem
do Portal tudo se dissolva em Luz, amorfa, de Unidade.
Agora então, regressando desses estados de ser ( e no regresso também há um
Mistério de Alegria), vós sereis desarmados do Leite da Escuridão da Lua, e sereis
feitos comungantes do Sacramento de Vinho que é o sangue do Sol. No entanto, no
início pode haver choque e conflito, pois o velho pensamento persiste pela força de
seu hábito: será vossa tarefa criar, por repetida ação, o verdadeiro correto hábito
desta consciência da Vida que habita Luz. E isto é fácil, se vossa vontade for forte ;
pois a verdadeira vida é tão mais vívida e quinta-essêncial que a falsa que (como eu
avalio mal) uma hora daquela faz uma impressão sobre a mente igual a um ano da
última. Uma única experiência, que em duração pode ser apenas uns poucos
segundos de tempo terreno, é suficiente para destruir a crença na realidade de
nossa vã vida na terra: mas este efeito gradualmente se dissipa se a consciência,
através de choque ou medo, não adere a ele, e a Vontade não se esforça
continuamente por repetição daquela felicidade, mais linda e terrível que a morte,
que ganháramos por virtude de Amor.
Há, além disso, muitos outros modos de conseguir a percepção da verdadeira ida, e
os que seguem são de muito valor para quebrar o hábito de vosso erro material na
contemplação da identidade de Amor e Morte, e compreensão da dissolução do
corpo físico como um ato de Amor executado sobre o corpo do Universo, como
também está extensamente escrito em nossos Santos Livros. E com este vai, como
se fosse irmã com seu irmão gêmeo, a prática do amor mortal, como um sacramento
simbólico daquela grande Morte; tal como está escrito: “Mata-te a ti mesmo”, e
também: “Morre diariamente”.
E o segundo deste modos secundários é a prática da percepção e análise mental
das idéias, principalmente como eu já vos ensinei; mas com especial ênfase em
coisas naturalmente repulsivas, em particular a própria morte, e seus fenômenos
subordinados. Assim, o Budha recomendava a seus discípulos que meditassem
sobre as Dez impurezas, isto é, sobre dez casos de morte por decomposição; de
forma que o Aspirante, identificando-se com seu próprio corpo em todas estas
formas imaginadas, perdesse o natural horror, repugnância, medo ou desgosto que
ele poderia ter tido por essas coisas. Aprendei isto: que toda idéia, de qualquer tipo,
se torna irreal, fantástica, e evidentemente, ilusão, se sujeita a investigação
persistente, com concentração. E isto é particularmente fácil de conseguirmos no
caso de todas as impressões corpóreas; porque todas as coisas materiais, e
especialmente essas de que nos tornamos primeiramente cônscios, a saber, nossos
próprios corpos, são as mais grosseiras e as mais inaturais de todas as falsidades.
Pois existe em todos nós, latente, aquela Luz onde nenhum erro pode perdurar, e
Ela já ensina ao nosso instinto a rejeitar antes de mais nada esses véus que mais
estreitamente a envolvem. Assim, em meditação é ( para muitos homens) mais
lucrativo concentrar a Vontade de Amar sobre os sagrados centros de força nervosa:
pois estes, como todas as coisas, são aptas imagens ou veros reflexos de seus
semelhantes em esferas mais finas; de forma que, suas naturezas grosseiras sendo
dissipadas pelo ácido dissolvedor da meditação, suas almas finas aparecem nuas, e
exibem sua força e glória na consciência do Aspirante.
Sim, deixai que vossa Vontade de Amar queime lépida em direção a esta criação em
vós mesmos da verdadeira Vida, que rola suas vagas através do mar imenso do
Tempo! Não vivais vidas mesquinhas em temor das horas! A Lua e o Sol e as
Estrelas, pelos quais medis o Tempo, são apenas servos daquela Vida que pulsa em
vós; alegres rufar de tambores enquanto marchais triunfantes pela Avenida das
idades. Então quando cada nascimento e morte forem assim reconhecidos nesta
perspectiva como apenas marcos sobre vossa Estrada sempre viva, quais dos tolos
incidentes de vossas vidas mesquinhas? Não são eles apenas grãos de areia
soprados pelo vento do deserto, ou pedregulhos que afastais de vós com vossos pés
alados, ou clareiras verdejantes onde comprimis o musgo e a relva elásticas em
vossa dança lírica? Para aquele que vive na Vida, nada importa: seus são eternos
movimentos, energia, deleite de Mudança infalível. Incansáveis, vós passais de Æon
a Æon, de estrela a estrela, o Universo, vosso campo de recreio, sua infinita
variedade de esporte sempre velha e sempre nova. Todas essas idéias que
engendram dor e medo são percebidas em sua verdades, e assim se tornam a
semente de alegria: pois a vós percebereis, além da necessidade de qualquer prova,
que não podeis jamais morrer; que, se bem que mudeis, mudanças é de vossa
própria natureza. O Grande Inimigo se tornou o Grande Aliado.
Enraizados nesta perfeição, vosso Ente tendo se tornado na própria Árvore da Vida,
vós tendes um fulcro para vossa alavanca: agora estais prontos para compreender
que este pulso de Unidade é, ele mesmo, Dualidade, e portanto, no mais elevado e
mais sagrado senso, ainda Dor e Ilusão; e tendo compreendido isto, aspirai uma vez
ainda, mesmo à quarta das Dádivas da Lei, o Fim do Caminho, sim a Luz.
IV
A LUZ
Eu vos rogo, sede paciente comigo naquilo que eu escreverei quanto à Luz; pois
aqui há uma dificuldade, sempre maior, no uso de palavras. Além disto, eu mesmo
sou constantemente arrebatado e sobrepujado pela sublimidade deste assunto, de
forma que um linguajar simples pode se transformar em lirismo quando eu quereria
prosseguir calmamente com explicações sóbrias. Minha melhor chance é que vós
possais compreender, por virtude da simpatia de vossa intuição; como dois amantes
podem conversar em linguagem tão ininteligível à outros que chega a parecer tola,
indecente e tediosa; ou como naquela outra intoxicação, dada por Éter, os
comungantes se comunicam uns com os outros com infinito humor, ou sabedoria,
conforme o impulso lhes venha, com uma só palavra ou gesto, estando iniciados em
percepção pela sutileza da droga. Assim também eu, que estou inflamado com amor
dessa Luz, e embriagado com o vinho etéreo desta Luz, posso comunicar-me não
tanto com vossa razão e inteligência, mas com aquele princípio oculto em vós que
está pronto para comungar comigo. Assim mesmo podem um homem e uma mulher
enlouquecer de amor um pelo outro, sem que qualquer palavra seja dita entre eles;
por causa da indução de suas almas. E vossa compreensão dependerá de vossa
madureza para a percepção de minha Verdade. Além disso, se ocorrer que aquela
Luz em vós esteja pronta para aparecer, então a luz interpretará para vós estas
minhas escuras palavras na linguagem da Luz, mesmo como uma corda musical
inanimada, estando devidamente afinada, ressoará em seu tom peculiar, se este for
emitido por outra corda. Lede, portanto, não apenas com vosso olho e cérebro, mas
com o ritmo daquela Vida à qual vós alcançastes pela vossa Vontade de Amar,
despertada a passos de dança por estas palavras, que são os movimentos da vara
de condão da minha Vontade de vos Amar, e assim inflamar vossa Vida em Luz.
(Portanto eu me interrompi na escritura deste livrinho, e durante dois dias e duas
noites meditei sem dormir, esforçando-me veementemente em meu espírito, para
que não vos falhasse, quer por pressa ou por descuido.)
No exercício de Vontade e Amor estão implicados movimento e mudança; mas em
Vida alcançamos uma Unidade que se move e muda apenas em pulso ou face, e é
harmoniosa como a música. Entretanto, ao alcançardes essa Vida vós tereis
percebido que a Quintaessência dela é pura Luz, um êxtase informe, e sem marco
ou limite. Nesta Luz, nada existe, pois Ela é homogênea; e portanto os homens a
têm chamado de Silêncio, de Escuridão, e de Nada. Mas neste, como em qualquer
outro esforço por descrevê-la, está a raiz de toda falsidade e percepção errônea;
desde que todas as palavras implicam em dualidade de algum tipo. Portanto, se bem
que eu a chame de Luz, ela não é Luz, nem ausência de Luz. Muitos, também têm
tentado descrevê-la por contradição, desde que através da transcendente anulação
de toda linguagem ela pode ser alcançada por certas naturezas. Também através de
imagens e símbolos tem os homens se esforçado por expressá-la; mas sempre em
vão. No entanto, esses que estavam prontos para perceber a natureza desta Luz
têm compreendido por empatia; e assim será convosco se lerdes este livrinho com
amor. Porém, seja sabido por vós que a melhor instrução quanto a este assunto, e a
palavra mais apta ao Æon de Hórus, está escrito no Livro da Lei. No entanto,
também o Livro Ararita é digno na Obra de Luz, tal como Trigrammaton na de
Vontade, Cordis Cincti Serpente no Caminho de Amor, e Liberi no de Vida. Todos
esses Livros, também tratam de todas estas Quatro Graças; pois ao fim vós vereis
que toda e cada uma delas é inseparável de todas as outras.
Eu desejo vos escrever do número 93, o número de Thelema. Pois não apenas é o
número de sua interpretação Agape, mas também o de uma palavra que vos será
desconhecida a não ser que sejais Neófitos de nossa Santa Ordem de A.A., a qual
palavra representa em si o erguimento da Voz de Silêncio, e o retorno dela ali no
Fim. Agora, este número 93 é três vezes 31, que é em hebreu LA, isto é NÃO, e
assim nega extensão nas três dimensões do espaço. Também, eu quereria que
meditásseis mui estritamente sobre o nome NU, que é 56, o qual é dito que
dividamos, adicionemos, multipliquemos e compreendamos. Por divisão vem o12,
como se fosse escrito Nuit! Hadit! Ra-Hoor-Khuit! antes do aparecimento da Díada.
Por adição temos 11, o número da Verdadeira Magia; e por multiplicação temos
Trezentos, o Número do Santo Espírito ou fogo, a letra Shin, onde todas as coisas
são completamente consumidas. Com estas considerações, e uma completa
compreensão dos mistérios dos Números 666 e 418, estareis poderosamente
armados neste Caminho de vôo distante. Mas vós deveríeis também considerar
todos os números em suas escalas. Pois não há meio de resolução melhor do que
este da matemática pura, desde que já mesmo aí idéias grosseiras são refinadas, e
tudo é arranjado e aprontado para a Alquimia da Grande Obra.
Eu já vos escrevi de como, na Vontade de Amar, a Luz se ergue como a parte
secreta da vida alcançada é ainda pessoal; mais além, ela se torna impessoal e
universal. Então chega a Vontade, posso dizer, ao seu polo magnético, de onde as
linhas de forças apontam a mesmo tempo em todas as direções e nenhuma; e o
Amor, também, é não mais um trabalho, mas um estado. Estas qualidades se tornam
parte da Vida Universal, que flui sem fim ou fito e tem Vontade e o Amor como suas
partes inerentes. Estas coisas, por tanto, em sua perfeição perdem seus nomes, e
suas naturezas. No entanto elas são a Substância da Vida, o Pai e a Mãe desta; e
sem a operação e impacto delas a Vida mesma gradualmente cessaria suas
pulsações. Mas desde que a infinita energia do Universo inteiro está ali, que pode
acontecer, senão que ela retorne sua própria Intenção Primordial, dissolvendo-se
pouco a pouco naquela Luz que é a mais sutil Natureza?
Pois este Universo é em Verdade Zero, sendo uma equação da qual Zero é a soma.
Donde isto é a prova, que se não fosse assim, o Universo estaria em desequilíbrio, e
algo deveria provir do Nada, o que é absurdo. Esta Luz ou Nada é então a
Resultante, ou Totalidade, Universal em Perfeição; e todos os outros estados,
positivos ou negativos, são imperfeitos, desde que omitem os seus opostos.
No entanto, eu quereria que considerásseis que esta igualdade ou identidade de
equação entre todas as coisas e Nenhuma é mui absoluta; de maneira que não
permanecereis mais em um lado da equação do que ocorreu no outro. E vós
compreendeis este Mistério maior muito facilmente, à luz dessas outras experiências
que tereis tido, nas quais movimento e descanso, mudança e estabilidade, e muitos
outros sutis pares de opostos, foram redimidos à identidade pela força de vossa
santa meditação.
A máxima graça da Lei, portanto, decorre da mais perfeita prática das Três Graças
Menores. E deveis trabalhar nesta Obra tão por completo que vos tornareis capazes
de passar de um lado da equação ao outro à Vontade; mais de compreender o todo
simultâneo e para sempre. Nisto, então, aquela parte de vossa alma que está restrita
ao contínuo espaço-tempo viajará ali de acordo com sua natureza em sua órbita,
revelando a Luz àqueles que ali vão encadeados; pois esta será a vossa particular
função.
Agora, eis aqui o Mistério da origem do Mal. Primeiramente, por Mal nós
significamos aquilo que está em oposição a nossas próprias vontades; é portanto um
termo relativo, e não absoluto. Pois toda coisa que é o pior dos males para alguém é
o máximo bem de alguma outra pessoa; tal como a dureza da madeira, que cansa o
lenhador, é a segurança daquele que se aventura sobre o mar num barco construído
daquela madeira. E esta é uma verdade fácil de assimilarmos sendo superficial, e
inteligível mesmo para mentes comuns.
Todo mal é pois relativo, ou aparentemente, ou ilusório; mas, voltando à filosofia, eu
repetirei que sua raiz está sempre em dualidade. Portanto, a solução de qualquer
aparente situação maligna consiste em buscar a Unidade, o que fareis como eu já
vos mostrei. Mas agora eu farei menção daquilo que está escrito quanto a isto no
Livro da Lei.
O primeiro sendo a Vontade, o Mal aparece como nesta definição; “tudo aquilo que
impede a execução da Vontade”. Portanto está escrito: “A palavra de Pecado é
Restrição”. Deve também ser notado que no Livro dos Trinta Aethyrs o Mal aparece
como Chorozon, cujo número é 333, que em grego significa Impotência e
Ociosidade; e a natureza de Chorozon é Dispersão e Incoerência.
A seguir no Caminho do Amor o Mal aparece como “tudo aquilo que impede a União
de qualquer duas coisas”. Assim diz o Livro da Lei, sob a imagem da Voz de Nuit:
“tomai vossa fartura e vontade de amor como quiserdes, quando, onde, e com quem
quiserdes! Mas sempre para me “. Pois todo ato de Amor deve ser “sob Vontade”,
isto é, de acordo com a coisas parciais e transitórias, mas é prosseguir firmemente
até o fim. Assim também no Livro dos Trinta Aethyrs, os Irmãos Negros são aqueles
que se fecham, não querendo destruir a si mesmos através do Amor.
Terceiro, no Caminho da Vida o mal aparece sob uma forma mais sutil como “tudo
aquilo que não é impessoal e universal”. Aqui o Livro da Lei pela voz de Hadit nos
informa: “Na esfera Eu sou em toda a parte o centro.” Novamente: “Eu sou Vida e o
doador de Vida... vinde a me é uma palavra tola; pois sou Eu que vou”. “Pois Eu sou
perfeito, não sendo”. Pois esta Vida está em todo lugar e instante simultaneamente;
de forma que Nela estas limitações de tempo e espaço não mais existem. E vós
tereis verificado isto para vós mesmos: que em todo ato de Amor o tempo e o
espaço desaparecem com a criação da Vida através do ato; como também ocorre
com a própria personalidade. Pela terceira vez, então, num senso ainda mais sutil,
“A palavra de Pecado é Restrição”.
Finalmente, no Caminho da Luz, este mesmo versículo é a chave da concepção Mal.
Pois aqui Restrição consiste no fracasso em solucionar a Grande Equação, e depois,
em preferir uma expressão ou fase do Universo a qualquer outra. Contra isto nós
somos prevenidos no Livro da Lei pela Palavra de Nuit, dizendo: “nenhuma... e dois.
Pois Eu estou dividida por amor ao amor, pela chance de união”, e portanto, “Se isto
não for correto, se confundirdes as marcas do espaço, dizendo: Elas são uma, ou
dizendo; Elas são muitas... então esperais os terríveis julgamentos...”
Agora então, pelo favor de Thoth, eu cheguei ao fim deste meu livro: e armai-vos
portanto com as Quatro Armas: a Baqueta para a Liberdade, a Taça para Amor, a
Espada para Vida, o Disco para Luz: e com estas executai toda maravilha pela Arte
de Alta Magia, na Lei do Novo Æon, cuja Palavra é Thelema.
No comments:
Post a Comment